Friday, April 02, 2010

vida

Acho que se vivesse umas 8 vidas não compreenderia os milagres que governam este mundo. acho que se vivesse 9 vidas não aceitaria como natural que uns tivessem tudo e outros nada. Se vivesse umas 10 vidas ainda assim acharia uma absurdo que pessoas não tivessem o que comer ou onde dormir.

Tenho certeza que se vivesse a eternidade, estaria sempre do lado do mais fraco, do mais pobre do mais doente, dos que tem frio, dos que tem sede.

Sunday, August 02, 2009

Lívia

A vida tem sido generosa
Num vou reclamar
Encontrei um amor
Isto já é conquista para uma vida
Encontrar um amor é tarefa dificílima
Encontrar um amor que te ame
É dádiva.

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26

contradições

eu queria saber como sentem
aqueles que têm além do necessário
quando encontram aqueles que tem ( não têm)
aquém do indispensável
Queria saber como é saber
que tua opulência
é produzida na desgraça alheia
Ou seria melhor viver na ilusão?
Self made man no dos outros é refresco.

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é cozinheiro experimental, é fotográfo amador, é poeta de quarto de tigela, é antropólogo diletante e funcionário público nas horas vagas

amor

Eu quero amar
Amar e ser amado
Amar como sempre amo
Amar na certeza que o Outro também me ama
Quero Amar e ser amado
Quero viver este amor na reciprocidade

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é poeta amador, cozinheiro amador, antropólogo amador e funcionário público nas horas vagas. Sabe que Lívia ama ele como sempre sonhou que alguém o amaria.

Thursday, June 18, 2009

DAS UTOPIAS

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Mario Quintana

Tuesday, June 16, 2009

congresso secreto




Cristiano Celestino Dourado Borges

catedral




foto: Cristiano Celestino Dourado Borges

Monday, May 25, 2009

pornografia

Hoje fui ao shopping. Este nosso templo da modernidade. Este local da contemplação e da adoração. depois de ir na loja que queria. Comecei a conversar com as vendedoras do Mc´donalds ( EMI CÊ DONALDIS ). Elas ganham r$ 2,11 por hora de trabalho e isto foi a coisa mais pornográfica que vi hoje.

Sunday, May 17, 2009

Benedetti

Acabo de ler no blog do Rodrigo Vianna que morreu em Montevidéo o grande poeta Mario Benedetti. Prometo que durante a semana coloco aqui neste blog alguns poemas deste gigante.

Lagoa das Piranhas - Bom Jesus da Lapa - BA

Sunday, May 03, 2009

Para Lívia

Gostoso Demais
Nando Cordel

Composição: Nando Cordel / Dominguinhos

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz
Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim o que eu posso fazer

meus sonhos

Todo dia penso em você
E, à noite sinto falta do teu calor
Do teu cheiro
Queria que tivesse aqui.
Enquanto isso vou vivendo
e saudadeando tua presença
Li, te amo.


Cristiano Celestino Dourado Borges,26 é poeta de meia tigela, meia não um quarto de tigela no máximo. E está apaixonado por Lívia.

Thursday, April 23, 2009

Wednesday, April 22, 2009

Amar III

Não existe medida certa para o amor!
Amar é tarefa desmedida
Amar é romper o egoísmo
É doar e receber
É ser capaz de loucuras
É adoecer por vontadea
É estar preparado para doar e receber
é poder encontrar afinidades
intelectuais, emotivas, afetivas...
Amar sem afinidade é sofrer.
Amar não precisa remédio
Amar é remédio para dores
d´alma
Eu quero amar.

Cristiano Celestino Dourado Borges é poeta de meia tigela, meia não um quarto no máximo.

De volta à Brasília

Depois de dois anos morando em Salvador estou de volta. Confesso que quando fui embra no inicio de 2007 achei que não ia sentir falta da cidade que sempre achei fria e distante. Mas aqui deixei muitos amigos e amigas e disso senti muita falta. Acabo de chegar, segunda-feira começo trabalhar no Ministério da Justiça.A experiência em Salvador foi maravilhosa, dois anos inesquecíveis.

Amar

Queria aprender a amar na medida certa
queria ter cuidado ao me jogar no precipício
Nunca imaginei que essa experiência fosse tão difícil
Tampouco imaginei que fosse fácil
mas não esperava que fosse dessa forma
Ás vezes parece doença,
Dói o corpo todo, dói a alma
Dá pesadelos, dores de estômago, calafrios
Bate uma insegurança: Será que eu realmente estou nos seus sonhos?
E se não, será que um dia estarei?
Juro que ainda tenho medo da resposta
E que tenho muito medo do futuro
Mas vou prosseguindo
Esperando que se não houver uma cama elástica para amortecer a queda
Que haja um analgésico para amenizar a dor

Lívia Coelho

quebra pau no STF

No link abaixo o ministro Joaquim Barbosa coloca o presidente do supremo em seu devido lugar. Depois de chamar o presidente da república às falas, dar dois habeas corpus em 48 a Daniel Dantas, demitir o diretor da ABIN, Paulo Lacerda e jogar o nome do judiciário na lama, já era hora de sofrer alguma oposição.

"Saia à rua ministro Gilmar, saia à rua"


http://www.youtube.com/watch?v=sIUdUsPM2WA

Sunday, April 05, 2009



Como é chegada a Semana Santa e a tradição indica que devemos comer peixe, passo aos meus 8 leitores uma receita de moqueca. Se fizerem e der certo mandem um comentário. Se não der certo a culpa é de vocês.

MOQUECA

1,5 kg de peixe de água salgada ( De preferência pois são mais consistentes, o mais apropriado é o badejo mas serve namorado, pescada, senão qualquer peixe que o dinheiro der)
 2 cebolas 
1 pimentão
3 colheres de azeite de dendê ( se esquecer não é moqueca, é peixe ensopado, peixada, qualquer coisa menos moqueca )
100 ml de leite de coco ( se esquecer não é moqueca...)
coentro
sal
2 limões ( o suco, pelo amor de deus não vá colocar a casca do limão ) 
2 colheres de azeite de oliva ( serve óleo de soja, de girassol, de milho, só num vale deixar os temperos queimar.)
4 dentes de alho (amassados)

Modo de preparo:
 
O ideal é usar uma panela de barro para o cozimento. Todavia, um cozinheiro amador jamais imaginou que cozinharia em condições ideais, então serve qualquer uma mesmo. Tempere com limão e sal a gosto ( só  o  sal que é a gosto, os limões são 2). Quando eu digo sal a gosto não é para colocar meio quilo de sal na comida e depois botar a culpa na receita. Coloque meia colher de sal. Deixe numa panela o peixe descansando no limão.

Na panela de barro, se tiver, o que duvido muito, coloque o azeite, espere esquentar bastante, coloque o alho bem amassado. Não vá deixar o alho queimar, grudar na panela - que horror- . Quando dourar o alho, coloque uma cebola picada. ( por favor pique a cebola antes de colocar o alho no fogo. 

Acredite em mim, se não fizer isto o alho vai queimar.Corte meio pimentão em pedaços pequenos e coloque para refogar junto com a cebola e o alho. Lembre se que o alho vem antes da cebola, pois do contrário a cebola libera água e o alho não frita, cozinha.Corte a outra cebola, sim eram duas cebolas, em rodelas e o pimentão em tiras. Depois de dourar a cebola, a olho e o pimentão. Acrescente 3 xícaras de água, o leite de coco, azeite de dendê e o coentro, a outra cebola. Cozinhe por 5 minutos.

Coloque o peixe que ficou 30 minutos no limão dentro da panela, antes disso espero que tenha retirado o excesso de limão.Se não tirou, azar o seu. Afinal o objetivo do limão era lavar o peixe . Tempo para cozimento 8 a 10 minutos, mas se o trem tiver queimando é melhor tirar antes. Teste o sal antes de servir. Para decorar pode usar ovos cozidos.

Com o caldo faça um pirão. Não sabe como fazer um pirão? Bote o danado do caldo numa panela com o fogo embaixo da panela ( tá bem explicadinho) e vá adicionando a farinha aos poucos. A farinha não foi colocada aos poucos e ficou aos bolos? tudo bem, acontece!! 

 Arroz vai bem. Uma salada, pode ser de rucúla, de tomate, de pepino, qualquer coisa que você quiser. Que os seres superiores nos livre de acompanhar uma moqueca com feijão.


A receita para pessoas que comem pouco dá pra 6. Se for convidar alguém, teste a receita antes. Pense num vexame convidar alguém para comer e a comida sair um purgante. Argh...

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é cozinheiro experimental nas horas vagas, mas esta receita é secular da culinária baiana. É também duplê de antropólogo e de poeta. Gostaria de saber pintar com as cores da infância quadros que ninguém jamais viu.

Wednesday, April 01, 2009

Saudades

Tenho saudades do meu amor
queria meu amor pertinho
logo ali...
Um amor longe é sofrer
É viver angústia diária
Ah meu amor
Como queria que morasse perto
Como queria

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é poeta de meia tigela, meia não, um quarto de tigela no máximo.

Tuesday, March 31, 2009

Por que Diabos os ricos estão acima da Lei?

Transcrevo abaixo editoriais dos joranis Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo sobre as recentes operações da PF. Em vermelho meus comentários.

Folha de S. Paulo, editorial de 29/03/2009

Setores da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário acomodam-se, perigosamente, a um método de atuação sensacionalista e truculento.(pobres podem ser mortos pela polícia militar e a isto chamam combate ao tráfico)Disseminam escutas e monitoramentos sem o devido controle, criam uma narrativa a partir de meras inferências e deslancham a "operação", uma rede de arrasto de prisões e apreensões do que estiver no caminho.

Investigados por meses sem o saber, (Como assim? a polícia federal deveria mandar uma correspondência aos fraudadores  avisando que estão sendo investigados? será que o editorialista acha que somos otários)detidos e seus advogados não têm acesso ao teor das acusações que embasaram a prisão.

Mas eis que, no dia do espalhafato policial, um senador, acusado de ter recebido R$ 300 mil irregularmente de uma construtora, exibe um recibo: teria sido oficial a doação. A PF não apresentou provas que confirmassem a suspeita lançada a público.

Na falta de apuração e controle competentes, vários policiais, procuradores e até juízes têm apostado na manipulação da opinião pública. Tomam um fato – a impunidade nas camadas mais altas da renda e do poder, motivo de justa indignação popular – como mote de uma cruzada para intimidar pessoas e empresas identificadas com tais "elites".

As prisões que decretam passam a impressão, equivocada, de que o investigado está sendo punido. Detenções provisórias e preventivas não têm nenhuma relação com sentença ou condenação. Num processo ou num inquérito ainda indefinidos, são mecanismos incidentais cujo uso vem sendo banalizado nas esferas inferiores do Judiciário.

A prisão, na fase intermediária do juízo, é reservada pela lei a pessoas que, mediante "prova da existência do crime e indício suficiente de autoria", ameacem a integridade física de outros, a "ordem econômica"( evasão de divisas, lavagem de dinheiro... ) e a coleta de provas ou demonstrem propensão à fuga. Fora desses casos excepcionais, a regra constitucional, reafirmada há pouco no Supremo Tribunal Federal, é que o réu responda em liberdade até serem esgotados a ( nunca)  os recursos.


À luz desse parâmetro – um patrimônio das democracias, que protege o indivíduo contra arbitrariedades de agentes públicos-, não se sustenta o festival de prisões usualmente deflagrado pela PF, com o aval de juízes. Na quarta-feira, até secretárias da construtora Camargo Corrêa foram presas. Se a Polícia monitorou suspeitos por mais de um ano e fez as apreensões nos locais escolhidos, qual o sentido de manter funcionários detidos?

Nenhum, responderão as cortes superiores (STF neles, o tribunal dos ricos )nesses casos, as quais frequentemente têm posto em liberdade pessoas cuja prisão preventiva fora decretada na primeira instância.

E o que dizer, por falar em primeira instância, da condenação a 94 anos de cadeia da empresária paulista Eliana Tranchesi, sob a acusação de práticas lesivas aos cofres públicos e formação de quadrilha? Um facínora que, no Brasil, tenha sequestrado e assassinado duas pessoas não receberá pena superior a 60 anos. ( neste paragrafo o autor se superou no cinismo. Primeiro que a senhora Eliana Tranchesi não foi acusada de dois crimes mas sim de vários. E é claro que os 94 anos é resultado das penas de todos os crimes cometidos somados. É também notório que o direito penal brasileiro não permite a prisão pérpetua e assim sendo limita a pena máxima a 30 anos. E ainda, devido aos vários beneficios existentes a pena é reduzida.

Quando se trata de crimes contra o erário cometidos por pessoas que não ameacem a integridade física de outros, o que importa é que o autor devolva em tempo hábil os valores subtraídos, acrescidos de multas pesadas. A reclusão, se necessária, deveria ser breve – ou substituída por prestação de serviços à comunidade.( 1 bilhão de reais!!!! Dinheiro de escolas, hospitais, praças etc etc, deveria ela então pagar 8 cestas básicas????)

Condenar estes réus a décadas num presídio – e, sem motivo plausível, ( pelo amor de Deus!!!! poderia saber o que o juiz colocou na sentença) mandar encarcerá-los antes que esteja encerrado todo o circuito processual – (4 anos de investigação)responde a uma concepção vingativa e primitiva de Justiça.

*****

Pirotecnia judicial

Estadão, 28/03/2009

Independentemente dos fatores objetivos que levaram proprietários e executivos da Daslu a serem condenados por importação fraudulenta, falsidade ideológica, sonegação e formação de quadrilha, a ordem de sua prisão, os argumentos invocados para justificá-la e a fundamentação da própria sentença vão muito além das técnicas legais e do formalismo jurídico, convertendo-se em mais um espetáculo de pirotecnia judicial.( Deixa ver se eu entendi: o a autor ou autora do editorial vai julgar a sentença independente dos autos? como assim independente dos fatores oobejtivos? se existem fatores objetivos, provas de crimes, não pode haver objeção à prisão dos réus) Um dos condenados é a empresária Eliana Tranchesi, que sofre de câncer pulmonar e vem sendo submetida a tratamento quimioterápico.(É preciso garantir que seu tratamento não seja interrompido. Contudo, é fato que a doença citada não dá imunidade fiscal a senhora Eliana Tranchesi, uma vez que  impostos são, por definição, compulsórios).

Se os documentos e as provas materiais coletadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público contra a Daslu eram inequívocos, bastava à juíza encarregada do caso, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, aplicar as penas previstas pela legislação penal, como ocorre em qualquer ação judicial. Contudo, certamente porque Eliana Tranchesi e seu irmão, Antonio Piva de Albuquerque, pertencem à alta sociedade e aparecem frequentemente nas colunas sociais dos jornais e em revistas de moda, a sentença de condenação mais parece uma plataforma política, tal a quantidade de afirmações maniqueístas, contrapondo ricos e pobres.

A motivação política também está presente na fixação das penas, que foi de 94 anos e 180 dias no caso de Eliana. Embora a ação fosse de sonegação fiscal, a punição em muito supera a aplicada a Suzane von Richthofen, que foi condenada a 39 anos pelo assassinato dos pais, em 2002. Como justificar tamanha falta de proporção?( é a matemática... se Suzane fosse acusada da mesma quantidade de crimes que a senhora Eliana e fosse condenada em pelos mesmo crimes,muito provavelmente o juiz fixaria a mesma pena. Tá no código. Aqui o autor ou autora quer confundir o leitor. Trás um caso que causou repercussão para tentar ludibriar o leitor. Uma vez que crimes diferentes, penas diferentes)

Na sentença condenatória, Eliana Tranchesi e seu irmão foram classificados como "profissionais do crime" e acusados de fazer do crime um "verdadeiro modo de vida" e de ter conduta motivada por "cobiça em busca de acumulação de riqueza proveniente de meios ilícitos ". E, ao elogiar a decisão, o autor da denúncia, o promotor Matheus Baraldi Magnani, disse que ela "prova" que "um criminoso não é somente um desgraçado com um fuzil na mão, que está no topo de um morro".

Mais grave ainda foi a ordem de prisão preventiva dada pela juíza da 2ª Vara Federal de Guarulhos, desprezando orientação expressa do Supremo Tribunal Federal (STF). Há alguns meses, o STF determinou que réus condenados somente podem ser presos depois de esgotados todos os recursos a que têm direito ( Nunca ) ou, então, em exceções que justifiquem prisão preventiva. No caso dos proprietários da Daslu, a exceção não se aplica, pois são réus primários, respondiam ao processo em liberdade, compareceram a todas as audiências e vinham negociando o pagamento de impostos atrasados, multas e juros com a Receita Federal. Não havia motivo que justificasse a prisão preventiva.

Além disso, como foram condenados em primeira instância, Eliana e o irmão podem recorrer ao Tribunal Regional Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) - como foi feito - e sempre em liberdade, como determina o Supremo. Ao justificar a ordem de prisão e o desrespeito à orientação do STF, a juíza da 2ª Vara Federal de Guarulhos afirmou que "as prisões são essenciais para garantir a ordem pública" e "acautelar o meio social, retirando do convívio da comunidade aqueles que demonstrem ser dotados de intensa periculosidade". Segundo ela, "caso os réus venham a permanecer em liberdade, haverá um forte sentimento negativo de insegurança, de impunidade por parte de toda a sociedade, havendo, indubitavelmente, forte abalo à ordem pública".( Com certeza)

No entanto, seguindo orientação do Supremo,( tribunal dos ricos) os tribunais vêm permitindo a réus condenados por crimes violentos, como homicídio e latrocínio, aguardarem em liberdade o julgamento de seus recursos, até a sentença definitiva. O que é mais perigoso para a sociedade, deixar livre uma empresária sonegadora que tem residência fixa ou autores de crimes contra a vida?( os dois)

Evidentemente, quem transgrediu a lei tem de ser punido, seja rico ou pobre.(É mesmo? agora concordamos em alguma coisa) O que não se pode é aceitar que a condição social dos réus - no caso, pessoas abastadas - seja invocada como justificativa para tratamento diferenciado e cruel:( pare o mundo que eu quero descer) uma punição desproporcional ao crime cometido ( é só somar as penas)  e a negação do direito de recorrer em liberdade. A decisão do STJ, que mandou libertar os réus, repôs o caso no seu devido lugar.



interessante observar artigo da procuradora Ana Lúcia Amaral sobre os editoriais:

Disponível em

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=531JDB002

os editoriais da Folha foram retirados do site do Azenha. Neste endereço abaixo é possível ver quem são os amigos de Eliana Tranchesi


Talvez os jornais devessem se interessar pela estarrecedora história do homem que morreu de aids sem atendimento  em um presídio, acusado de furtar carne, conforme post abaixo.

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 não aguenta mais a hipocrisia.

Friday, March 27, 2009

ACUSADO DE FURTAR CARNE MORREU DE AIDS NA CADEIA



Data: 29 de setembro de 2005

Local: Hospital Pedreira, Rua João Francisdo de Moura, 251, Vila Campo Grande (zona sul de São Paulo)

Vítima: Sérgio Roberto de Carvalho, 31 anos

Agentes do Estado: policiais civis do 80º DP, Vila Joaniza  (zona sul de São Paulo)

Relato do caso: Sérgio Roberto de Carvalho, de 31 anos, morreu de tuberculose, conseqüência de AIDS não tratada, em 29 de setembro de 2005, no Hospital Pedreira, Rua João Francisdo de Moura, 251, Vila Campo Grande (zona sul de São Paulo).

A história de Sérgio, pai de um menino de sete anos, é a história de muitos presos que são levados à prisão por pequenos delitos, roubos de valor insignificante, e cuja prisão resulta em tragédia. É também a história de muitos presos doentes que, vítimas do absoluto descaso das autoridades penitenciárias e judiciais, são abandonados em condições insuportáveis, mesmo para pessoas sãs, e terminam por vir a morrer.

Sérgio e sua esposa Ana Paula Custódio viveram onze anos juntos. Passaram um período em Minhas Gerais, na cidade de Manga, perto de Montes Claros. Aí Sérgio cometeu seu primeiro delito, quando aceitou guardar uma carga roubada, pelo qual foi condenado a dois anos e quatro meses em regime aberto. Cumprida a pena, o casal mudou-se, com o filho pequeno para São Paulo, morando inicialmente em casa de parentes e depois alugando uma casa na Vila Joaniza. Sérgio arranjou um emprego em uma padaria na qual trabalhou bastante tempo, mas acabou sendo despedido. Foi nesse momento que se manifestaram os primeiros sinais da doença: um caroço no pescoço. Os médicos descobriram que ele estava com tuberculose granglionar e era soropositivo (nem sua esposa, nem o menino foram contaminados). Nessa ocasião Sérgio chegou a ficar internado por cerca de dois meses e em seguida continuou o tratamento no Hospital de Campo Limpo. Mas como era muito distante da casa deles, ele passou a fazer o tratamento no Ambulatório de Atenção Básica em DST Dr. Alexandre Kalil Yazbek, da Prefeitura Municipal, na Av. Ceci.

Em 2001 Sérgio cometeu um furto em um supermercado: subtraiu objetos que colocou escondidos em suas calças: champú, sabonetes, salame. Foi preso, permaneceu por 75 dias no 43º DP, porém recebeu apenas uma condenação de um ano e quatro meses em regime aberto. Saído na prisão novamente arranjou serviço em uma lanchonete, até com carteira assinada, mas não conseguiu permanecer mais que um mês: tinha febre e se sentia muito mal. Daí por diante só conseguiu trabalhar ocasionalmente como ambulante, vendendo uma coisa ou outra.

Em novembro de 2003 Sérgio foi novamente preso por furto em supermercado, desta vez em um Pão de Açucar. Ficou cinco meses preso, outra vez no 43º DP. Em relação a esse furto Sérgio foi condenado, agora em regime fechado, a dois anos e quatro meses, porém a decisão da sentença só saiu posteriormente. Antes que ela saísse, um equívoco levou à sua soltura: foi chamado a uma audiência na 20ª Vara que, na verdade, era referente ao processo pelo furto de 2001. Nessas condições a juíza surpreendeu-se que ainda estivesse preso e mandou soltá-lo.

Sem condições de trabalhar regularmente por causa dos efeitos da Aids em seu organismo, Sérgio incorreu outra vez no mesmo delito em 2005. Novamente foi preso, em 8 de janeiro de 2005, por furto em um supermercado: dessa vez um pedaço de carne valendo apenas R$ 12,00. Deste furto foi absolvido: ele estava vestindo uma bermuda e o juiz considerou difícil manter um pedaço de carne dentro dela. Porém Sérgio foi mantido preso, no 80º DP, por causa da condenação anterior, de 2003, a dois anos e quatro meses.

Sérgio Roberto de Carvalho permaneceu durante nove meses, até a sua morte, no 80º DP, sem nenhum tratamento ou cuidado especial. Sua esposa, Ana Paula, conta o sofrimento que passou para lhe transmitir um mínimo de conforto material e moral. As autoridades da delegacia não permitiram, desde o início, que ele recebesse roupas, permancendo o tempo todo com a mesma bermuda que havia convencido o juiz da impossibilidade de manter um pedaço de carne nela escondida. No início, medidas burocráticas absolutamente injustificáveis impediram que ela o visitasse: era preciso primeiro, em um dia de visita, levar toda uma série de documentos para fazer uma carteirinha de visitante, sem visitar, para depois então, em outro dia de visita, encontrar o marido. Em seguida as visitas foram suspensas por cerca de dois meses sob o pretexto de que teriam encontrado, nas celas espátulas feitas para cavar um buraco.

Quando as visitas foram reativadas Ana Paula pôde visitar o marido. Nesse momento ele estava aparentemente bem. Ela não conseguiu fazer entrar roupas, apenas alguns alimentos, cigarro e remédios. Ana Paula ia buscar no Ambulatório de Atenção Básica em DST os medicamentos de que ele necessitava. Porém, como os médicos não podiam examiná-lo para saber o nível de carga viral e prescrever os medicamentos do coquetel contra a Aids, só encaminhavam remédios contra as convulsões que ele tinha ocasionalmente

O estado de Sérgio começou a piorar, ele tendo tosse e febre constantes. Nesse período as visitas foram novamente suspensas e só retomaram com a intervenção da Pastoral Carcerária. Nos últimos tempos ele nem sequer se levantava, não comia nada e eram os outros presos da cela (havia nesse DP 4 celas cuja população oscilava entre 24 e 33 presos em cada uma) que cuidavam dele. Forraram o chão (já que como todos os outros, ele dormia no piso frio) e colocaram uma espécie de cortina. Os presos se revezavam, um cuidava dele de noite e outro de dia, davam-lhe água constantemente. Para que ele não tomasse banho de água gelada, como os outros, esquentavam a água em um fogareiro que havia na cela e lhe davam banho de cuia, colocando-o dentro de um saco de plástico.  Na última visita ele sequer respondia às perguntas da esposa, apenas abria os olhos.

Nesse tempo todo Ana Paula insistia com o Delegado que seu marido estava precisando ser levado ao hospital e era tratada com o maior desprezo, “como bicho”, define ela. Tanto ela como outras mulheres e parentes de presos que a ajudaram a fazer pressão: que saíssem e não o amolassem, “sai, sai, sai”, dizia o Delegado! O carcereiro argumentava que Sérgio não estava mais tomando os remédios por frescura. E para humilhá-lo e à esposa, gritou bem alto que ele estava com Aids.

Só quando Sérgio já estava muito mal, no dia 22 de setembro, é que ele foi enviado pelas autoridades da Delegacia ao Hospital Pedreira, na rua João Francisco de Moura, 251, Vila Campo Grande (zona sul de São Paulo). Segundo o parecer do médico, Sérgio deveria ser internado, mas as autoridades policiais alegaram não ter escolta para mantê-lo hospitalizado. Foi só no dia 28, véspera de sua morte, sob pressão da esposa, de uma advogada do DIPO (Departamento Técnico de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), pois ele já tinha tempo para passar para o regime aberto, e da Pastoral Carcerária que as autoridades policiais do 80º DP consentiram em encaminhar Sérgio ao Hospital Pedreira. Um preso foi chamado para carregá-lo até um carro, pois ele já não andava. Foi colocado na UTI e no dia seguinte, 29 de setembro, morreu.

É preciso considerar, nessa morte por total abandono, que Sérgio, pagando uma condenação de dois anos e quatro meses, com os cinco meses cumpridos anteriormente e com os nove que permaneceu no 80º, já tinha ultrapassado 1/3 da pena, tendo direito à prisão em regime aberto. Além disso, se ele estava cumprindo a pena relativa ao delito anterior, deveria ter sido transferido para um CDP ou um presídio, onde poderia receber um tratamento hospitalar adequado a quem é soropositivo. Sabe-se que as piores condições de detenção estão nas delegacias, que, aliás, o governo apregoa já não abrigarem mais presos. A insensibilidade, o pouco caso com a vida humana, a falta de responsabilidade com um preso que está sob custódia do Estado, levaram a esta absurda e inútil morte.

Fontes: Dossiê “Pena de morte ilegal e extrajudicial”, http://www.ovp-sp.org/doc_dossie_penademorte.pdf ; Entrevista concedida por Ana Paula Custódio à Equipe OVP-SP, 03/12/2005

Retirado do site www.viomundo.com.br


Comentário: sem comentários

Thursday, March 26, 2009

chuva no sertão

Hoje choveu. Depois de mais de 50 dias de sol de rachar, choveu. O cheiro da chuva ainda está no ar. O sertão sem chuvas é triste. A lavoura já se foi. Feijão e milho depois de 50 dias de sol de quase 40 graus esturricaram. Mas mesmo assim a chuva foi comemorada. espero que amanhã tenha mais chuvas para alegrar este sertanejos, que são fortes.

Cristiano Celestino Dourado Borges

Wednesday, March 25, 2009

Proscissão de São Sebastião

                                         Foto: Anita Dourado Borges

Na proscissão de São Sebastião, que acontece há mais de 120 anos na cidade de América Dourada-Ba, a imagem do santo é carregado pelos homens. As mulheres carregam a imagem de Nossa Senhora.

 Anita Dourado Borges, é irmã deste blogador, mas não tem nenhuma culpa disso. É jogadora de futebol, estudante de antropologia e minha assitente de pesquisa nas férias.

Monday, March 23, 2009

Flor

                                                          Foto: Cristiano Celestino Dourado Borges

cacto

                                              foto: Cristiano Celestino Dourado Borges

Cachoeira


                                                                                                         
                                                          Foto: Cristiano Celestino Dourado Borges

O monumento natural cachoeira do Ferro  Doido fica no município
de Morro do Chapéu às margens da Ba 052 e distante cerca de 20 km da
sede do munícipio. Na foto, topo da cachoeira, em época de seca. Em época de cheia o visual é 

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é poeta de meia tigela, meia não, um quarto no máximo
e queria ser fotográfo, cozinheiro, pintor, contador de histórias e otorrinolaringologista.

poetar

gosto das simplicidades
tento poetar
poetar é mesmo ir nas sutilezas
nas agruras
no detalhe
no que passou sem ser visto
ver o que outros não viram
e vou tentando
e poetando
e indo...

Cristiano Celestino Dourado Borges, 26 é poeta de meia tigela, 
meia não, um quarto no máximo

Sunday, March 22, 2009

outra poesia

minha mente é um turbilhão
penso em mil coisas ao mesmo tempo
e  concluo: a mediocridade é horripilante
chego aos 26, nenhuma condecoração
não sou cidadão honorário de lugar algum
não sei fazer absolutamente nada 
nada que outros não possam fazer, melhor 
e como é confortável saber que minha condição
é compartilhada, um tantão assim de gente.
O bom da mediocridade é que você nunca tá sozinho 
sempre tem companhia
na escola, no trabalho, na rua, no bar...
Como deve ser dificil ser brilhante
Imagine não poder gostar de futebol, afinal o esporte 
dos ignorantes e medíocres
Imagina ter que saber um monte de coisas que odeia
Não quero nem imaginar. 

Cristiano Dourado Borges, 26 é poeta de meia tigela,
 meia não, um quarto de tigela no máximo

uma poesia

Ao sabor do vento
vou caminhando, às vezes corro, e, às vezes, paro
mas, em geral caminho
sem sobressaltos
e isto me incomoda, no mais das vezes.

Queria mais sobressaltos.
Esta normalidade excessiva,
Esta previsibilidade desmedida. 
Talvez, eu quereria não ser Eu[...
ou ser um outro Eu!?

Cristiano Dourado Borges, 26 é poeta de meia tigela,
 meia não um quarto de tigela no máximo


Tuesday, March 17, 2009

Fora do Ar


Rede Globo vs. TV Diário

Por Cristiano Celestino Dourado Borges em 10/3/2009

A história que passo a narrar aconteceu no dia 25 de fevereiro de 2009, ou melhor teve seu desfecho neste dia. Em julho de 1998, foi lançada a TV Diário. De acordo com o site da TV, ela foi idealizada com o intuito de "mostrar o Nordeste com uma linguagem coloquial e um pouco distante dos ditames formais e pré-estabelecidas de outras emissoras; uma linguagem inovadora e diferente e que traduzisse a cultura e as necessidades do povo nordestino", disponível aqui.

De modo surpreendente, a TV Diário obteve grande sucesso em seu intento de fazer uma TV com uma linguagem inovadora e diferente. Apostando na inovação e em formas já conhecidas como os programas de auditório, em produção local e de baixo custo, a TV Diário conquistou grande audiência em todo o Brasil e, sobretudo, no Nordeste. As imagens eram captadas por quem possui antena parabólica.

A TV Diário pertence ao Grupo Edson Queiroz, que também é proprietário da TV Verdes Mares, retransmissora da Rede Globo no estado do Ceará. As informações que existem são ainda poucas e não muito claras – dão conta de que a Rede Globo teria colocado como condição para a renovação do contrato de retransmissão a retirada do sinal da TV Diário, o que aconteceu no último dia 25 de fevereiro.

Dígitos de Ibope

Nos grandes portais de comunicação, não vi uma linha sequer sobre o ocorrido. Neste Observatório vi um pequeno texto. O que acho ainda pouco para a gravidade do acontecido. O que temos são os interesses econômicos sobrepondo-se aos interesses dos telespectadores, a privatização do espectro, que obviamente é público.

A Rede Globo divulgou a nota abaixo, na qual expões os motivos pelos quais a TV Diário teria saído do ar. Percebe-se, claramente, que o motivo é o incômodo provocado pela TV Diário ao disputar audiência. Li o comunicado no site do Azenha.

"A TV Globo, como cabeça da Rede Globo, formada por 121 emissoras, procura harmonizar os sinais de VHF e UHF de forma que estes fiquem circunscritos a seus territórios de cobertura. Desta forma, em busca de uma harmonia entre todos e pelo respeito recíproco aos interesses, a atuação da TV Diário estará restrita a seu território de cobertura, não sendo mais captada em territórios de outras afiliadas. Seu sinal permanecerá no satélite, cobrindo o estado do Ceará, porém, codificado" (ver aqui).

No mundo da blogosfera a repercussão tem sido intensa. Mais informações sobre a retirada do sinal da TV Diário podem ser obtidas aqui.

Já existe até comunidade no site de relacionamentos Orkut com mais de 5.800 membros pedindo a volta da TV Diário.

A Rede Globo evidencia mais uma vez que utiliza todas as armas para disputar a audiência, mostrando que não tem nenhum respeito por seus telespectadores tratando-os como aquele personagem, o Homer. Somos todos dígitos de Ibope.

Publicado Originalmente no Observatório da Imprensa

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=528TVQ003

Wednesday, March 04, 2009

Do Amor

Não queira um amor pequeno
Exija um Amor Grande
Requeira à vida Um Grande Amor
Grande Amor é imperioso 
para quem quer ser feliz
Não se contente com migalhas
Queiram o pão e também o vinho
Meio Amor é abrir mão de êxtase
que só os grandes amores anunciam
E como encontrar um Grande Amor?
Isto é tarefa que não me arrisco.


Cristiano C. Dourado Borges, é poeta de meia tigela, meia não, um  quarto no máximo e tem um grande amor

Monday, March 02, 2009

Procissão de São Sebastião






A festa de São Sebastião acontece no município de América Dourada-Ba desde 1880.

Saturday, February 21, 2009

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.


Cora Coralina (Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas), 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás. Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911 conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge. Vai para Jaboticabal (SP), onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência. Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922. Em 1928 muda-se para São Paulo (SP). Em 1934, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora Cultura Goiana. Em 1980, Carlos Drummond de Andrade, como era de seu feitio, após ler alguns escritos da autora, manda-lhe uma carta elogiando seu trabalho, a qual, ao ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.

Disponível em http://www.releituras.com/coracoralina_vida.asp

Cora é grande poeta, é das maiores. Vou deixar aqui aos meus três leitores sempre que possível um poema.

Tuesday, February 17, 2009

Outro dia tava pensando. Acho que tenho uma predisposição para estar ao lado dos "perdedores". Desde Criança, torci pelos nativos  do continente sulamericano contra espanhóis e portugueses. Torci pelos judeus contra alemães na segunda guerra, Em Gaza, Torço pelos palestinos contra os judeus. Entre escravizados e senhores, não titubeei em optar pelos primeiros. Entre sem-terras e latifúndiários, abomino o segundo grupo. E em várias outras lutas sempre me enxergo ao lado dos mais fracos, dos que morrem no fim, dos que foram e são esquartejados, saqueados, vilipendiados. E não me arrependo.

Sunday, February 08, 2009

Pequena Crônica Incompleta

Outro dia tava vendo na televisão Thiago de  Mello, o famoso poeta amazonense, amante da floresta, escritor do magnifico poema Estatuto do Homem. Lá pelo meio do palavramento ele disse, ou eu acho que ouvi ele dizer que um poeta nasce poeta e um prosador pode aprender. Refleti nisso e estou completamente de acordo. Pode se aprender a contar uma boa história. Agora duvido que aprende-se a ver com olhos de poetas. Quero ver alguém aprender a ser Mário Quintana, Cora Coralina, Manoel de Barros, Cruz e Souza etc etc etc, Duvido!!!!!!!Publicar postagem

Tuesday, January 06, 2009

quando a o amor acontece

De repente,
É assim
ele vem e se aloja
fica ali bem escondido
a gente nem percebe
chega bem de mansinho
como quem não quer nada
e encrusta
e Agora não tem como tirar
Ele tá ali
Bem dentro da gente
E é tão bom quando a gente descobre sua presença.

Cristiano Dourado, 26, é poeta de meia tigela, meia não um quarto no máximo

Thursday, January 01, 2009

reveillon

2009

Este será o ano das postagens. Por outro lado duvido que mude minha postura preguiçosa e desleixada. Mas o ano novo é sempre bom para gente se enganar e dizer que vai fazer tudo diferente. Assim no fim deste ano vou dizer que fiz tudo errado e assim vou poder prometer que no próximo ano vai ser tudo diferente.

Cristiano Dourado é poeta de meia tigela e cronista de um quarto de tigela no máximo 

Thursday, September 04, 2008

ela

e ir pelo caminho fácil dos elogios
e cantar suas qualidades
e ai teria um belo poema
e dizer que ela é ...
e que seu beijo é...
e que seu carinho conforta
e que sua lealdade transborda
que seu carinho é sublime
que sua delicadeza é notável
e podia dizer muito mais

e no fim dizer: Lívia eu te amo
ei ai uma receita de poema.

Cristiano Dourado é poeta de quarto de tigela

estranho

vivo num mundo que não compreendo
e isto é demasiado estranho
e o mais estranho que gosto
de viver, mas não deste mundo que não compreendo
ou será que gostar de viver num mundo que não compreendo
é gostar deste mundo?
tenho inúmeras perguntas e quase nenhuma reposta
porque dezenas de pessoas tem fortunas equivalente a dezenas de países?
porque algumas pessoas têm direitos, outro não
porque algumas pessoas podem ser algemadas ( pisoteadas, massacradas, humilhadas etcetc) outras não
e muitas outras perguntas...

Cristiano Dourado é poeta de quarto de tigela

Thursday, August 07, 2008

criança


Foto:Cristiano Dourado
Comunidade Quilombola Lagoa da Piranhas, Bom Jesus da Lapa- BA

mulher

Dona Firmina, Comunidade Quilombola Lagoa das Piranhas, Bom Jesus da Lapa- BA
Foto:Cristiano Dourado

Feira Livre


Foto: Cristiano Dourado
Feira Livre em Bom Jesus da Lapa

barco no Velho Chico


Comunidade Quilombola Lagoa das Piranhas. Bom Jesus da Lapa- BA
Foto: Cristiano Dourado

Umbuzeiro

Foto: Cristiano Dourado

Monday, May 19, 2008

OiBrT

A saida de Marina Silva

A saída de Marina Silva é apenas mais uma derrota ambiental



Escrito por Henrique Cortez
16-Mai-2008

É difícil avaliar a gestão da ministra Marina Silva de forma isenta e objetiva. Mas, qualquer que seja a avaliação, fica evidente que a ministra mostrou-se muito menor do que a ambientalista.

Desde o início do primeiro mandato, os cuidados sócio-ambientais e a legislação ambiental foram seguidamente atacados pelos ministros da Agricultura, de Minas e Energia, pelos presidentes da Eletrobrás, por grandes industriais e outros defensores deste modelo de desenvolvimento.

Marina Silva, na maioria das vezes, manteve-se calada e, quando assumia a defesa pública da agenda sócio-ambiental, era publicamente desautorizada pelo presidente e pelos ministros do primeiro círculo do poder.

Apenas recentemente, resolveu assumir a defesa pública da legislação ambiental, questionando e criticando a devastação como alavanca do desenvolvimento e reafirmando que o meio ambiente não é o vilão do crescimento.

O governo Luiz Inácio da Silva impôs grandes derrotas ambientais e sem a ministra Marina Silva teria sido muito pior. A trincheira, que construiu dentro do governo, foi uma importante contribuição à causa sócio-ambiental.

Mas, em outra perspectiva, Marina Silva também cumpriu o papel de "esverdear" o governo. O mito ambiental Marina Silva, internacionalmente conhecido e reconhecido, ofereceu um biombo verde, usado pelo governo para ocultar a sua opção desenvolvimentista a qualquer custo. Neste sentido, Marina Silva prestou um desserviço à causa.

Na prática, pouco ou nada mudará com Carlos Minc no ministério. A agenda desenvolvimentista continuará intocada, quaisquer que sejam os danos sociais ou ambientais deste modelo equivocado de desenvolvimento. O ministério do Meio Ambiente continuará no papel de objeto cênico, porque esta é a vontade expressa do governo.

De qualquer forma, agora, já sabemos quais serão as regras do jogo, quais os desafios e quais serão os embates ao longo dos próximos anos. Melhor assim.

O governo Lula não possui a menor compreensão do que realmente seja desenvolvimento sustentável e isto foi fartamente demonstrado desde o início do primeiro mandado.

Este governo não consegue compreender que o processo de licenciamento ambiental é "ligeiramente" diferente da concessão de um mero alvará e por isto não suporta a idéia de que as licenças não sejam concedidas automaticamente, como se fossem meros detalhes burocráticos.

Se dependesse do voluntarismo governamental teríamos ampla e irrestrita concessão de licenças ambientais, para quaisquer atividades, sem qualquer consideração para com as questões sócio-ambientais.

Diversos membros do primeiro círculo do poder já afirmaram que a grande fase do desenvolvimento do Brasil se deu durante os governos militares, coincidentemente uma época em que as preocupações sociais e ambientais das grandes obras simplesmente inexistiam.

Aliás, o presidente Luiz Inácio da Silva não cansa de elogiar os projetos dos governos militares, quando a agenda desenvolvimentista era realizada na marra.

O governo, a começar pelo próprio presidente, reclama dos ambientalistas, dos índios, dos quilombolas, dos ribeirinhos, do Ministério Público, do poder judiciário, dos movimentos sociais e de todos os que não concordam com esta opção pseudodesenvolvimentista. E reclama com razão, porque estes segmentos da sociedade não aceitam este modelo de desenvolvimento a qualquer custo.

A demissão de Marina Silva reafirma o que ficou demonstrado na III Conferência Nacional do Meio Ambiente: que a tolerância e a boa vontade, para com os equívocos e ambigüidades das políticas ambientais, definitivamente acabaram.

O presidente Luiz Inácio da Silva deve refletir se realmente considera como adversários os ambientalistas, índios, quilombolas, ribeirinhos, Ministério Público, poder judiciário, movimentos sociais e, se assim for, arcar com o custo político desta decisão.

O governo perdeu a "proteção" do mito ambiental Marina Silva. Ficou sem o seu biombo verde e, certamente, ficará muito mais exposto pelos seus equívocos sócio-ambientais.

Henrique Cortez é ambientalista e coordenador do portal EcoDebate. E-mail:

henriquecortez@ecodebate.com.br
www.correiocidadania.com.br

"Grau de Investimento ou selo amigo do capital"





Escrito por César Andaku, Fábio Bueno e Francisco De Filippo
16-Mai-2008

Após anos de esforço na busca de reconhecimento pelo mercado financeiro internacional, foi anunciado no último dia 01 de maio, pela agência de classificação Standard & Poor’s, a promoção do Brasil ao grupo de países classificados na faixa de grau de investimento.

O anúncio desencadeou uma onda de euforia na grande mídia e na cúpula do governo desde então, encobrindo o debate sobre as conseqüências negativas da conquista deste "selo amigo do capital" pelo Brasil.

Classificação de risco e grau de investimento

As últimas décadas presenciaram importantes mudanças no âmbito da gestão e administração das empresas, a exemplo da reestruturação produtiva, engendrando novas formas de aumentar a exploração do trabalhador. Dentre essas mudanças, encontramos a disseminação do processo de certificação, no qual as empresas tentam informar e sinalizar ao consumidor que estão cumprindo padrões e normas de qualidade esperadas pelo mercado, apresentando uma marca ou selo dado por uma instância avaliadora.

A idéia de certificação, inicialmente restrita ao âmbito das empresas , foi, na década de 1990, progressivamente extrapolada para abarcar o comportamento dos países e governos periféricos, em meio à incorporação dos mesmos ao processo de globalização financeira.

A passagem do processo de certificação do âmbito micro das empresas para o macro dos Estados Nacionais i) trouxe consigo a constituição das Agências de Risco como o lócus privilegiado de avaliação dos países, e ii) consolidou os parâmetros propalados pelo neoliberalismo - liberalização financeira, privatizações, reformas estruturais etc. – como as "boas" práticas e normas a serem seguidas pelos países.

Após um constante monitoramento do grau de adesão dos países às normas esperadas pelo mercado internacional, as Agências de Risco classificam-nos por meio de uma nota (rating), chamada também de risco soberano, que equivaleria a um selo de "amigo do capital". O nível máximo desse "rating", o selo de maior brilho, é chamado de grau de investimento (investiment grade) e traz a seguinte mensagem: o capital internacional não só é bem vindo, como faremos todo o possível para garantir seus ganhos, sem maiores incômodos.

Quem lucra com a "conquista" do grau de investimento?

A compreensão do clima de euforia que tomou conta dos noticiários e do governo remete nossa análise à interpretação tanto do sentido político da "promoção brasileira", como da definição daqueles que ganham com a mesma.

O sentido da "conquista" do grau de investimento, antes de tudo, simboliza o coroamento de uma política, adotada desde a década de 1990 e reforçada durante o governo Lula, de adaptação do Brasil ao regime neoliberal, "amarrando" a política econômica aos interesses do capital internacional. Ou seja, receber o "selo amigo do capital" das Agências de Risco internacionais é o mais alto prêmio à submissão internacional.

E quem lucraria com o grau de investimento dado ao Brasil? Um primeiro conjunto de beneficiados são os Fundos de Investimento internacionais. Com a crise financeira instalada nos EUA e a busca do capital financeiro por novos espaços de valorização, o upgrade à classificação do Brasil dada pelo "selo amigo do capital" enquadra o país no critério exigido pelos Fundos para aplicarem seus recursos.

Outro grupo de beneficiados são todas as frações da burguesia local que mantêm relações diretas com o mercado internacional – bancos, fundos de investimentos, multinacionais etc. –, pois conseguirão dólares para financiar suas operações com custos menores do que os vigentes na atualidade.

Por fim, ganha também o governo Lula, que encontra novas justificativas para a manutenção de sua política nos elogios da grande mídia pela "responsabilidade" com que conduz o país.

As primeiras críticas e seus limites

Em meio à euforia estabelecida pela conquista do selo "amigo do capital" pelo Brasil, as tímidas críticas que surgiram na grande mídia se apóiam unicamente nas possíveis conseqüências negativas do suposto aumento da entrada de dólares no país que o grau de investimento provocaria.

A primeira conseqüência seria uma mudança na composição dos fluxos de capitais em direção ao Brasil, com aumento da participação dos capitais "especulativos", dificultando o manejo das variáveis câmbio e juros, ainda mais num momento de recrudescimento da inflação. Ou seja, a essência dessa crítica é a disjuntiva tipicamente desenvolvimentista: o bom capital produtivo versus o mau capital especulativo.

Uma segunda conseqüência seria a intensificação da valorização do real perante o dólar, implicando não só em dificuldades para manter as expectativas positivas em relação às contas externas, mas, acima de tudo, a possibilidade de diminuição de vendas e lucros para o setor exportador, principalmente o do agronegócio.

As críticas acima, apesar de corretas em apontar a intensificação de processos (entrada de capital especulativo e valorização cambial) determinados tanto pela economia internacional como pela política de altos juros e valorização cambial, pecam por i) adotar a ótica dos problemas do capital e das contradições entre suas frações; e ii) não avançar sobre as conseqüências aos trabalhadores.

Os desdobramentos políticos do grau de investimento para os trabalhadores

Essa nova "conquista" neoliberal reserva um grande ônus aos trabalhadores, pois amarra a condução da política brasileira de duas formas.

Em primeiro lugar, sacramenta a manutenção do selo "amigo do capital" como prioridade na agenda política brasileira, o que implica na transformação de todos os parâmetros exigidos pelas Agências de Risco em questões intocáveis e, conseqüentemente, mantendo a política econômica ortodoxa.

Em segundo lugar, a busca do mesmo selo junto a outras Agências de Risco aponta para a intensificação da dinâmica neoliberal, a exemplo da agência Moody’s, que divulgou como pré-condição para reavaliar a classificação brasileira a diminuição da proporção da dívida pública em relação ao PIB, pedido este prontamente atendido pelo Ministério da Fazenda, que apresentou proposta de aumento do superávit fiscal - parte do orçamento retirada dos investimentos sociais para o pagamento da dívida .

Assim, a manutenção e a ampliação da classificação como grau de investimento coloca no horizonte maiores ataques aos direitos dos trabalhadores: mais flexibilização nas relações trabalhistas, outra reforma da previdência, privatização, contenção e focalização dos gastos públicos nas áreas sociais, dentre outros clamores constantemente defendidos pela burguesia brasileira, os quais estão encampados em maior ou menor intensidade na lista de exigências das Agências de Risco.

Apesar da euforia midiática e governamental, o que está em jogo para os trabalhadores com a classificação para grau de investimento não é o aumento do crédito ao consumidor ou o fato de o país ter se tornado, aos olhos do capital, um "país sério". Mas sim o aprofundamento do modelo neoliberal e ataques ainda mais virulentos aos direitos da classe trabalhadora para atender aos interesses do capital.

César Andaku, Fábio Bueno e Francisco De Filippo são pós-graduandos do Instituto de Economia da Unicamp. E-mails:
ceandaku@yahoo.com

fmbuenobr@yahoo.com.br
disponivel em www.correiocidadania.com.br

entreguismo brasileiro

Novas descobertas de petróleo, se confirmadas, enriquecerão concessionárias externas
Escrito por Valéria Nader
25-Abr-2008
Para comentar as especulações sobre a descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, conversamos com o diretor da Aepet (Associação Engenheiros da Petrobrás), Fernando Siqueira.
A partir do alerta de que os valores informados são, além de meramente especulativos, fruto de declarações oportunistas e irresponsáveis, Siqueira afirma que a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração para avaliar o tamanho da província do pré-sal - que engloba os campos de Carioca, Tupi e Júpiter.



No entanto, a se confirmarem verdadeiras as projeções para o total de petróleo dessa província, uma revisão da Lei 9478/97sancionada por FHC – e a partir da qual a União deixou de ter o monopólio do petróleo – tornar-se-á imprescindível. Caso o lobby internacional ganhe e impeça essa revisão, as concessionárias externas ganharão de "mão beijada" uma enorme riqueza, em detrimento de toda a nação, ressalta Siqueira.



Confira abaixo.



Correio da Cidadania: As notícias que correm a respeito da descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, têm alguma credibilidade?



Fernando Siqueira: Os técnicos da Petrobrás têm expectativas de que a nova província do pré-sal, que tem uma área de 800 km por 200 km, possa ter uma reserva total da ordem de 90 bilhões de barris. Os campos de Carioca, Tupi e Júpiter são partes integrantes dessa província. Acho que a reserva do Carioca foi superestimada, pois esse bloco tem menos de 10% da área total do pré-sal. Pode ter um pouco mais do que a reserva de Tupi, mas nunca quatro vezes mais.



CC: Ouve-se falar em 33 bilhões de barris de petróleo, significando uma riqueza da ordem de US$ 3,3 trilhões, considerando o barril a US$ 100. Esse potencial estimado de petróleo nesse campo estaria, assim, superestimado?



FS: Acho que qualquer valor informado seria mera especulação, pois a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração. Quando ela atingir esse objetivo é que vai ser possível avaliar o tamanho da estrutura do campo e fazer uma avaliação mais segura do potencial produtor dele. Mas isto só deverá ocorrer daqui a cerca de três meses.



CC: A se configurar essa situação como verdadeira, o Brasil daria um salto enorme, aparecendo entre os 3 maiores produtores mundiais. O que significaria isso, a seu ver, para uma nação emergente como o Brasil?



FS: Se a expectativa dos técnicos se confirmar e o pré-sal contiver mesmo os 90 bilhões de barris de reserva, o Brasil passa a ser, em termos de petróleo, a quarta reserva do planeta, atrás apenas da Arábia Saudita, do Irã e do Iraque. Isto eleva em muito o potencial do Brasil como grande potência mundial. Ele já tinha, a nosso ver, a condição de ser essa grande potência – temos demonstrado isto nas palestras que temos feito pelo Brasil, inclusive nas Universidades - por seus recursos naturais; por sua localização geográfica, que é muito favorável; por suas imensas riquezas naturais; por serem também imensas suas reservas de água doce; por ter ainda uma grande incidência solar, que nos fornece abundante energia renovável aproveitável através de energia dos ventos, biomassa ou solar direta.



No entanto, o Brasil tem sido muito tolhido no seu desenvolvimento pelos governantes de plantão. Uma das formas é o achatamento salarial imposto no governo FHC e a venda de empresas estatais, principais geradoras de tecnologia dos países em desenvolvimento. Os juros mais altos do mundo também fazem parte dessa estratégia. Aliás, das 5 estratégias que constam no documento do Departamento de Defesa norte- americano, uma delas diz: "impedir que países potencialmente hegemônicos se desenvolvam". O Brasil é o alvo principal dela.



Assim, surge um novo problema: os EUA, que são os maiores consumidores de petróleo do planeta (consomem mais de 10 bilhões de barris por ano), têm reservas de apenas 29 bilhões de barris e sua economia é profundamente dependente de petróleo. O petróleo do Oriente Médio custa aos EUA mais de US$ 300 por barril (sendo US$ 200 por barril o custo de manutenção do aparato bélico que mantém nos países da região sob controle). Assim, o Brasil passa a ser o alvo principal daquele país em mais esse recurso não renovável. Os EUA têm menos de 10% do total de recursos naturais não renováveis que precisa. A América Latina, o Brasil, em especial, tem sido o seu celeiro mais fácil e mais acessível.



CC: Em que medida a nova lei do Petróleo, aprovada já no primeiro mandato do governo FHC e que eliminou o monopólio da União nas atividades petrolíferas, impactaria a riqueza nacional, caso confirmada essa descoberta? Em outras palavras, quanto do lucro auferido seria abocanhado por empresas estrangeiras?



FS: A descoberta desta nova província nos deu chance de mostrar o absurdo da Lei 9478/97, imposta ao Congresso Nacional pelo governo FHC. Embora os seus artigos 3º e 21º digam que a propriedade das jazidas e o produto da lavra do petróleo são da União Federal (portanto, do povo brasileiro), em total acordo com o artigo 177 da Constituição Federal, existe um artigo, o 26º, que, como fruto do lobby internacional sobre o Congresso, dá a propriedade do petróleo a quem o produzir. A mesma lei manda que o concessionário pague à União uma Participação Especial, que varia de 10 a 45% apenas do produto da lavra. Enquanto isto, a média mundial da participação dos países produtores é de 84%. Quando o presidente Evo Morales elevou a participação do governo de 18 para 82%, nenhuma empresa estrangeira foi embora. É um percentual normal. O contrato de concessão brasileiro é que é absurdo, como era na Bolívia.



Se confirmados os 90 bilhões de barris previstos, em termos econômicos seriam mais de 10 trilhões, com um agravante: estamos chegando ao pico da oferta mundial de petróleo, ou seja, o terceiro choque mundial, agora irreversível. Isso porque, enquanto a oferta atinge o pico e passa a cair de forma inexorável, a demanda, hoje empatada com ela em 87 milhões de barris diários, segue crescendo indefinidamente. A conseqüência natural é que os preços do barril crescerão drasticamente. Os mesmos especialistas que previram os preços de US$ 100 o barril antes de 2010, prevêem que eles chegarão a US$ 180 em 2015 e US$ 300 em 2020. Isto mostra o lucro absurdo que as concessionárias terão, em detrimento do povo brasileiro, se os leilões não forem suspensos e o marco regulatório não for mudado.



A Petrobrás pesquisou o pré-sal durante 30 anos tendo investido ali mais de US$ 2 bilhões, correndo todos os riscos. Enquanto isso, as concessionárias estrangeiras não investiram, não correram riscos, mas se associaram à Petrobrás (por não terem a tecnologia) para comprar blocos por preços irrisórios, ganhando mais de 50% de lucro sobre a lavra, em detrimento do povo brasileiro. É um absurdo inaceitável.



CC: Em função dessas novas e grandes possibilidades de petróleo, há, a seu ver, alguma chance de se mexer nessa lei do petróleo? Você acredita que o presidente Lula endossaria uma medida do gênero?



FS: O presidente Lula, quando soube da descoberta e do volume de reservas possível, retirou do nono leilão, corretamente, 41 blocos que circundavam o campo de Tupi e eram dessa nova província. Certamente ele está sofrendo pressões fortíssimas para recolocar esses blocos em leilão. Acho que o povo, junto com as entidades representativas da sociedade, deve apoiar e ao mesmo tempo pressionar o governo para suspender os leilões e propor mudanças na Lei 9478/97, até porque ela é cheia de incoerências.



CC: Não se mexendo na lei do petróleo, haveria como impedir a participação de empresas privadas, estrangeiras ou nacionais, em um leilão específico para exploração dos novos campos? Você defenderia uma medida como essa?



FS: Caso o lobby internacional ganhe e impeça as mudanças imprescindíveis na Lei 9478/97, há, mesmo assim, meios e justificativas para impedir que empresas estrangeiras participem de leilões. A descoberta da província do pré-sal elimina os riscos e estará provado que ali existe muito petróleo, que a União Federal tem um patrimônio elevado e incontestável, que são as reservas, e que estas pertencem ao povo brasileiro. Não há justificativa em entregar de mão beijada essa província para gerar tamanho lucro para fora do país, tendo uma participação pífia para a nação. O próprio artigo 177 da Constituição brasileira diz, em seu parágrafo 1º, que a União poderá contratar as atividades do monopólio (não a obriga a fazê-lo).



CC: Como você avalia a forma pela qual vazou essa informação, a partir do diretor da ANP, a Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima? Há algum tipo de interesse obscuro por trás dessa situação?



FS: Ficou uma suspeita muito grande. O diretor da ANP tem um discurso muito afinado com o do presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, que por coincidência é o presidente da Repsol. Esta empresa deu um prejuízo de mais de US$ 2 bilhões à Petrobrás numa troca de ativos envolvendo a Refap, no Rio Grande do Sul. Ganhamos uma liminar na justiça que depois foi cassada pelo presidente do STJ de forma estranha.



As declarações do diretor da ANP geraram uma elevação brutal nas ações da Repsol nas bolsas do mundo inteiro. Em Nova Iorque, elas chegaram a valorizar cerca de 17% num só dia. A Repsol tem atuações agressivas em toda a América Latina. Ela é suspeita de ser o braço anglo-holandês da Shell, pelo fato de esta última estar muito desgastada por suas atuações predatórias no mundo todo. A Repsol comprou as reservas da YPF argentina por US$ 0.60 o barril, quando o preço no mercado era de US$ 25/barril. Agora, faz um lobby fortíssimo para comprar a Pemex.



Outro ponto intrigante nas declarações do diretor da ANP é que, pelo artigo 22 da lei do petróleo, ele recebe todos os dados de exploração da Petrobrás e deve manter confidencialidade dos mesmos por 5 anos. Ao invés disto, o diretor, no nono leilão, publicou os dados de Tupi na página da ANP. Agora, faz essas declarações irresponsáveis, indevidas e desastrosas. Ora, ele sabia que corria altos riscos ao fazer isto. Lembremos que o diretor, quando era parlamentar, era um emérito defensor da Petrobrás, da soberania nacional e do monopólio estatal de petróleo. A guinada de 180 graus que o transformou num dos maiores entreguistas desse país tem algo bem mais profundo do que o salário de R$ 8.000,00 por mês. Não se queima uma biografia tão boa por um preço tão irrisório.
publicado em www.correiocidadania.com.br

Friday, March 28, 2008

De perto

As vezes tenho medo de me aproximar das pessoas
Sinceramente. Não quero ver ninguém de perto
Só quero ver as pessoas de longe
Naquilo que elas dizem que são
Sem incoerências
Se encostamos demais nas pessoas
Descobrimos que em verdade
Elas são aquilo que a gente não quer que elas sejam
Mas as pessoas tem o direito de ser aquilo que elas são
E não aquilo que a gente gostaria que elas fossem
Então se mantemos uma distância
Podemos ver aquilo que queremos ver
Então mantenhamos a distância exigida para a convivência possível

Cristiano Dourado, 25 é poeta de meia tigela